15 dezembro 2005

Cinzas

Para um amigo muito especial, o meu agradecimento por isto ser só imaginação... Estou contigo, fénix negra. Não tenhas medo de te apoiar...
O mar enrola e rebenta sobre a areia à minha frente. E eu recordo-te, meu amigo, meu irmão.
Faz hoje dois anos que desististe de tudo. Mas a mágoa ainda não passou.
Nem a culpa...
Podia ter feito mais?
O que não fiz?
O que poderia ter feito?
O que se pode fazer quando alguém quer desistir, quando alguém quer morrer?
Podia ter feito mais?
Fiz tudo o que podia, o que sabia, o que devia?
Como saber?
E como perdoar-me se perceber que não o fiz?...
Quem gosta, quem se diz amigo-irmão-companheiro, quem gosta a sério!, tem responsabilidades. Tem a responsabilidade, o dever e o prazer de estar ali, sempre. Sempre.
Quem é amigo-irmão-companheiro recebe em si os problemas e o peso do outro. De boa vontade e com um sorriso nos lábios. Porque é um prazer ajudar.
Mas como ajudar quem não quer ser ajudado?
Como ajudar quem foge?
Como não me sentir culpada?...
Naquela noite de lua minguante, fina como um fio prateado no céu, tu não pediste ajuda. Acabaste com tudo, simplesmente. Da forma que achaste mais fácil. E agora a dor e a amargura ficam em mim...
Quantas, quantas vezes deste a entender que o peso era muito, que a pressão era demasiado grande, que tu não conseguias nem querias mais aguentar?
Quantas vezes olhei para ti e vi sombras e desespero nos teus olhos?
Quantas vezes tive medo e quis abraçar-te com muita força, tentar prender-te para ter a certeza que não ias fazer isso, que não ias desistir, que a luz tão bela da tua alma, a luz que se tornara vacilante como a chama de uma vela, que a tua luz tão especial não se ia apagar?
Mas acabei sempre por não o fazer...
Por temer não te conseguir atingir nesse mundo friorento e gélido onde te refugiavas, esse mundo de sombras sem luz.
Por medo e timidez, por não saber como te dizer "Gosto de ti!". Nunca o soube fazer...
Por fraqueza...
E tu partiste. E eu perdi a oportunidade de te olhar nos olhos e dizer o quão especial és, o quão im,portante e precioso és. Para mim, amigo-irmão-companheiro. E para todos os que te conhecem e te amam. Para todos os que conhecem a palavra Amor sem a temer...
Até quando? Até quando esta dor?
Que fiz de errado?
Que deixei por fazer?
Podia ter-te ajudado?
Agora já não há tempo...
O punhal cruel já dilacerou a tua pele, o sangue ardente e rubro já fugiu do teu corpo. És cinzas, agora. Cinzas espalhadas pelo mar, como sempre quiseste. E eu olho o mar e procuro-te...
Miss you, dark knight of the shadows. Miss you, my friend. Miss you, my brother.
Hope that someday, somewhere, we'll be together again. Till then, I stay with the sea. I stay with you...

12 dezembro 2005

Miss you even more when the night covers me...

Está escuro.
Está frio.
Estou sozinha.
Dói-me a alma...

Noite escura e fria, noite de solidão. E eu, sozinha neste quarto escuro e frio, penso em ti.
Penso no teu calor, na tua luz, na tua doce presença que afasta todo o mal, que me faz sentir feliz como nada mais faz... Sinto a tua falta!
Não sou nada sem ti, não sou ninguém. E é quando a noite cai que o sinto mais profundamente, quando esta noite que tu me ajudaste a amar cada vez mais e a temer cada vez menos me envolve... Senhor da Noite, sem ti tremo no frio. Tudo desaparece e se desvanece, tudo sossobra como um castelo de areia que uma onda envolve docemente... Que sou eu sem ti?...
E se tudo isto é verdade e realidade nos dias quentes e luminosos, nos dias gélidos e luminescentes, ainda mais verdade se torma nesta escuridão...


MISS YOU EVEN MORE WHEN THE NIGHT COVERS ME...

09 dezembro 2005

Branco e Negro

Sorrio, estendo-me de lado sobre o edredão branco da tua cama. A meu lado, as cortinas vermelho sangue adoçam a luz.
Os meus cabelos caem sobre o peito, aumentando o jogo de sedução, ocultando e revelando o que transparece pelas rendas negras da camisa. A saia preta, de veludo, pesada, cai sobre o meu corpo desenhando as suas formas. Os debruns vermelhos dão-lhe um toque de cor, condizendo com o batom que me delinea e preenche os lábios. A única cor no meu corpo branco e negro...
Olhas-me, expectante.
Sorrio levemente, sedutora, tentadora. Faço aquele olhar que ambos conhecemos.
Aproximas-te devagar, estudando-me...
O flash dispara. Um momento de beleza eternizado.
Sim, porque afinal era só de uma foto que estávamos a falar, certo?...
O teu corpo cai sobre o meu.
Os nossos lábios juntam-se.
O Universo desvanece-se...